A Saga dos negros

Negros dançavam, cantavam e tocavam,

Na África, sua terra natal.

Sempre alegres pelas fartas colheitas,

Fertilidade, motivo dos festivais.

Mas um dia sem esperar, sem direito a questionar,

Foram atacados, capturados.

E para várias partes do mundo,

Remanejados.

Nos navios negreiros,

Açoites, gritos e mortes.

Legiões de homens e mulheres,

Jogados a própria sorte.

O estalar dos chicotes,

Chibatadas hipócritas.

Pura demagogia...

De dor negro estremecia.

Roubaram-lhe a alma,

O direito de conviver em clã.

O banzo era o placar mortal.

Oh! Saudade da terra natal.

Ao chegarem no Brasil,

Chicote no dorso da negrada.

O capitão do mato não perdoava,

E o sinhozinho era quem ordenava.

Tempos difíceis,

Pra quem vivia acorrentado.

Quando possível,

Pro Quilombo, refugiado.

A Lei Áurea no papel,

Foi um grande libertário.

Uma ponta do ice berg,

Pra formar novos ideários.

Daí pra frente, a resistência,

Casou-se com a Arte e Ciência.

E negros revolucionários,

Constituíram novos cenários.

Na Política, Arte, Religião...

Economia, Saúde e Educação.

Em todos os aspectos sociais,

A manifestação afro é tenaz.

A negação étnico racial,

Cotidianamente.

Abstraindo o multiculturalismo,

Explícito a toda a gente.

Mas a voz que não quer calar.

Enamorou-se de determinação.

Pois negro precisa lutar,

Pela fala, visibilidade e participação.

Então, seu legado se espalhou,

Em todo lugar que passou.

Pois sempre contribuiu,

Para construção do Brasil.

Negra Aurea: 10/12/2017