Mar... e tanto mais

MAR

Absurdo ou não, em certos momentos,

ao palmilhar os meus caminhos,

parece-me que me cheira a mar,

que me chega a maresia.

Parece-me que... ou é o meu querer

e, absurdo ou não,

fico com tanta vontade de...

_____________________________[ MAR ]

Em frente ao oceano

venho desvendar a fantasia

como que num deambular

entre ocasos intemporais

e simulacros de acasos.

Confronto-me com as ondas

e embarco no seu transe.

Na minha mente

evolui uma monção geminada

que resulta no dual sentido

de estar atento e alienado.

Se a brisa me afaga o rosto,

se as algas me cobrem os pés,

não deixo eu de ser a brisa

nem hesito em viver a alga

ou divagar pela melodia

deste todo que se retém

sem nunca se repetir.

Em frente ao mar

embriago-me em gradações

da essência, pelo caos,

até ao absoluto reavivar

em cada grão de areia

de uma réstia de eternidade,

como abstracção débil

e com o gosto salgado

de um oceano interior.

Sou dele a taça,

a margem, o leito,

sou um verso ancestral

da poesia dos meus avós

sou a veia conducente

ao coração da terra-mãe,

ao meu ventre de viver

e de um dia morrer.

Em frente a toda a imensidade

de céu e água salgada

anseio a ponte como dádiva

e salvo-conduto à passagem

da fantasia para o sonho

na bruma tranquila

entre duas madrugadas.

Ocasionalmente,

a candura do afago

de um fiozinho de sol

que desencadeia delírios

nas linhas de força

do cristal, feito de mim

...

em frente ao mar.

... E a minha alma nua

a reinventar o salgado

e a maresia numa lágrima.

______________________LuMe

Luis Melo
Enviado por Luis Melo em 18/02/2018
Código do texto: T6257564
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