Monólogo... em Sintra
Há momento em que algo
suficientemente inconcreto
concegue aquietar-nos.
Ficamos entregues
à calmaria que antecede
as novas convulções.
Não tarda que aconteça
qualquer coisa
que até pode ser o mero...
__________...[ Monologo ](1)
Parece fácil!
Acha-se a Paz dentro de nós
que a ideia é estar-se bem
ainda que sozinhos,
mesmo num monólogo.
Começa-se por estabelecer
um cenário.
A esplanada vazia,
uma mesinha recatada,
toalha de chita aos quadrados,
brancos e vermelhos;
vista para o Castelo de Sintra,
por exemplo.
A noite por companhia (claro!)
e o fascínio das brumas
do alto daqueles montes.
Luzes difusas junto às muralhas;
Ai, aquelas histórias seculares;
É por lá que a mente deambula
entre fantasias e lendas antigas,
entre os dramas e as paixões
que nos escapam
e se evadirão por completo
da memória das gentes,
e, nos meandros do divagar,
entre o que se entende da vida
e o que se adivinha da morte.
Em suma e em fundamento
de quanto se abarca do amor.
Por um instante e por dentro
sinto-me boquiaberto
na estupefacção pelo que rejeito,
do que encubro, do que sou,
e em mim descubro.
Por muito que eu diga,
fica o silêncio e, nesse ponto,
faz-se cristalino o quanto intuo.
Uma aragem sopra sobre mim;
escuto a melodia da ribeira;
a lua descobre-se finalmente;
cheira aqui a pão quente.
Tudo assim, no gozo pleno
de reanimar, a um tempo,
o meu mundo de percepções
no torpor de um encantamento.
Vida!... não é?
______________________LuMe