Deserto da alma
Eu morei em um deserto
E cada grão de areia
Se tornou as minhas dores
Essas, perpetuavam a alma
Uma vez ou outra
A tempestade movia-se
E acarretava o meu eu
Era lançado para longe
Em terras ainda mais quentes
Ali, sequioso eu vivi
Ávido pela saída
Sobejava a tal fé
Ares áridos tentavam me empurrar
A contrariedade imposta
A falta de chuva
A ausência de um lugar com sombra
A intensa sede quase me faziam desistir
O âmago da alma estava famigerado
Um grito interior pulsava
Por mais que eu estivesse caído
Ainda sim meu corpo se movia
Me arrastava, eu só queria sair dali
As lágrimas desciam seca
A minha voz ecoava silêncio
O meu olhar decaído em tristeza
Estava tudo favorável para morrer ali
A esperança quase extiguida
Solitário, vazio, depressivo...
Mas o impossível aconteceu
Derrubado, eu ouvi uma voz
Bem baixo, tive que me esforçar para escutar
Aquela voz dizia que eu poderia ser salvo
Com dificuldade, me reergui
Andei, caminhei, insisti em mudar
Por mais que minha sola do pé
Estivesse em carne viva
Por mais que meu corpo
Estivesse totalmente fraco...
Tudo dizia que não
Ainda sim, eu fui resgatado
Uma luz me guiou
Uma luz cuidou de mim
Uma luz me deu o cantil da vida
A Luz me retirou daquele lugar...