Deserto da alma

Eu morei em um deserto

E cada grão de areia

Se tornou as minhas dores

Essas, perpetuavam a alma

Uma vez ou outra

A tempestade movia-se

E acarretava o meu eu

Era lançado para longe

Em terras ainda mais quentes

Ali, sequioso eu vivi

Ávido pela saída

Sobejava a tal fé

Ares áridos tentavam me empurrar

A contrariedade imposta

A falta de chuva

A ausência de um lugar com sombra

A intensa sede quase me faziam desistir

O âmago da alma estava famigerado

Um grito interior pulsava

Por mais que eu estivesse caído

Ainda sim meu corpo se movia

Me arrastava, eu só queria sair dali

As lágrimas desciam seca

A minha voz ecoava silêncio

O meu olhar decaído em tristeza

Estava tudo favorável para morrer ali

A esperança quase extiguida

Solitário, vazio, depressivo...

Mas o impossível aconteceu

Derrubado, eu ouvi uma voz

Bem baixo, tive que me esforçar para escutar

Aquela voz dizia que eu poderia ser salvo

Com dificuldade, me reergui

Andei, caminhei, insisti em mudar

Por mais que minha sola do pé

Estivesse em carne viva

Por mais que meu corpo

Estivesse totalmente fraco...

Tudo dizia que não

Ainda sim, eu fui resgatado

Uma luz me guiou

Uma luz cuidou de mim

Uma luz me deu o cantil da vida

A Luz me retirou daquele lugar...

Felippe Lacerda
Enviado por Felippe Lacerda em 22/02/2018
Código do texto: T6260861
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