Ámen !
[Ámen]
Encontrei uma pulseira,
linda, de missangas.
Azul-turquesa
verdes, amarelas.
Alguém a cuidou perdida.
Mas deixou de estar
porque já foi achada.
Mesmo, mesmo ao raiar
de mais vida
ou só de mais um dia
noutra madrugada.
Mesmo, mesmo no deslizar
da primeira pincelada
de tons da manhã.
.
Aliás vejo-a chegar,
essa tal madrugada,
no esvoaçar de uma ave.
Ávida e inibriada.
Será embriaguez de céu
ou de mais um voo
por sobre o areal
em linhas rasantes,
tangentes ou secantes.
E os meus olhos a rimar
de gritantes
até só de vê-la
por íris de cristal
raiada como a alma
e a palma da mão.
.
Anseio o estar da rocha
e o ser rude de mar
talvez, de pedra,
a lonjura e os desertos.
Tenho a linha pura
do horizonte
e o tracejado
dos arranha-céus;
Rejeito,
o incluso espelhamento dos abismos
por sentir sob os pés
o meu chão de terra
amanhada de quantos idealismos.
.
Sei de um tempo qualquer
ainda por viver
e de entregar-me, vestal,
em corpo de água;
Ofertar-me vivo
ao vento;
dar-me, aqui, infinitivo;
e em ti, de seres a ave
nos meus olhos,
e irmã peregrina
da estrela da manhã;
de seres
nostalgia em brumas
ou de céus em chamas
de seres
pioneira de uma verdade
um universo, um astro
Sol ou Lua, enfim,
de seres o poema.
.
Pois, Ámen!
.
__________________LuMe