Ámen !

                     [Ámen]

Encontrei uma pulseira,

linda, de missangas.

Azul-turquesa

verdes, amarelas.

Alguém a cuidou perdida.

Mas deixou de estar

porque já foi achada.

Mesmo, mesmo ao raiar

de mais vida

ou só de mais um dia

noutra madrugada.

Mesmo, mesmo no deslizar

da primeira pincelada

de tons da manhã.

.

Aliás vejo-a chegar,

essa tal madrugada,

no esvoaçar de uma ave.

Ávida e inibriada.

Será embriaguez de céu

ou de mais um voo

por sobre o areal

em linhas rasantes,

tangentes ou secantes.

E os meus olhos a rimar

de gritantes

até só de vê-la

por íris de cristal

raiada como a alma

e a palma da mão.

.

Anseio o estar da rocha

e o ser rude de mar

talvez, de pedra,

a lonjura e os desertos.

Tenho a linha pura

do horizonte

e o tracejado

dos arranha-céus;

Rejeito,

o incluso espelhamento dos abismos

por sentir sob os pés

o meu chão de terra

amanhada de quantos idealismos.

.

Sei de um tempo qualquer

ainda por viver

e de entregar-me, vestal,

em corpo de água;

Ofertar-me vivo

ao vento;

dar-me, aqui, infinitivo;

e em ti, de seres a ave

nos meus olhos,

e irmã peregrina

da estrela da manhã;

de seres

nostalgia em brumas

ou de céus em chamas

de seres

pioneira de uma verdade

um universo, um astro

Sol ou Lua, enfim,

de seres o poema.

.

Pois, Ámen!

.

__________________LuMe

Luis Melo
Enviado por Luis Melo em 22/02/2018
Código do texto: T6261332
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