Exaustão. O luxo do rico,

Exaustão. O luxo do rico,

a pobreza do miserável,

os grilhões que somente o afinco

partirá, por um detestável,

desprezível e sem sentido

soluçar de nada no estável.

Exaustão. É nosso dever

degluti-la sem prontidão,

degustá-la de desprazer;

mesmo no ódio mais vil e vão,

mais senil e vazio, fazer

o impossível pela exaustão.

Exaustão. No quente do asfalto,

na poeira dos livros grossos,

de gravata e terno ou descalço,

cairei ao pó dos meus ossos

pelo eterno descanso; falso,

porque até tocarem relógios.

Exaustão. Então com o tempo

terá o prêmio dos esforçados?

Nunca, não. Um segundo penso.

Mas retorno ao mar dos fadados

tão somente manda o ponteiro,

se não matam logo os cansaços.

24/2/2018

Malveira Cruz
Enviado por Malveira Cruz em 24/02/2018
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