Às Vezes...

Apresento este texto em louvor

às palavres

e àqueles que procuram uma relação

muito especial com elas

e aqui o meu pensamento vai até um

amigo e grande artesão do verso

Edbar

Louvor também aos desbloqueios criativos

Às vezes

Às vezes os poetas

não ligam às palavras escondidas.

Eles esforçam-se, estafam-se,

esfalfam-se, esmifram-se,

tudo para fazer de conta

que essas palavras não existem.

Hoje tenho-as todas, a jeito

e quero comunicar que,

neste meu presente, dei comigo

na sala de espera das intenções

dependurado e escondido

atrás de uma cara

de quem até nem é de cá;

da máscara de gente

desencontrada de outra gente;

atrás da careta

que se faz à realidade

ao pressentir-se atemorizante

ou, meramente, sombria.

.

Às vezes os poetas

fazem por ignorar

esse artifício

de esconder a loucura.

Assim como assim,

não me rala mesmo nada

sentir-me inquieto e ardente

em virtude do meu poema;

É virtude de ter cadastro

e ser reincidente

em fugas, sem lastro,

desde os sentidos plenos,

até às verdades enjeitadas.

.

Às vezes os poetas

olham de viés o futuro

como personagem embuçado

e cospem por despeito

à tentação de desvendá-lo! Aliás...

o porvir pode até nem existir

...assim!, como este chão

aqui debaixo dos pés!

...pode nunca acontecer,

pode ser inútil contar com ele;

pode ser até fútil, pode sim!;

mas não pode mais coisa nenhuma,

esse tal de futuro!

Ah! claro!... e esperar em vão

envolve-nos com a angústia.

No mínimo! Aí é tudo prejuízo!

... Tudo prejuízo!

.

Às vezes os poetas caem

na tentação de chamar puta à vida

mas sofrem fatalmente

represálias do destino

armado em chulo.

___________________________LuMe

Luis Melo
Enviado por Luis Melo em 26/02/2018
Código do texto: T6264947
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