Existo

Respiro pela falta

Que a falta não faz.

Inconsciente e ciente

A cada novo passo necessário.

Se preciso estar

Estou no lugar que me cabe

Sem esforço e lamento.

Meio dormente, anestesiado.

Todo entregue ao desnecessário

Ao que por ser muito

É tempestade de intensidade.

Se julga necessário aquilo

Que o mundo aceita

Normal, automático, estático.

Mas pra onde o meu olhar

Aponta,

Tudo dança

Coreografado ou descompassado

No ritmo de bagunça

Que se ajusta

A minha imaginação

E o mundo interno

Que sempre esta de pernas pro ar.

Sempre estou

Nunca pronto

Para estar

Alguns metros atrás

Dessa pressa

Que engole

O mundo

Que desfaz do tempo presente

E caminha desesperado

Para a porta

Aberta da morte.

Respiro pela ansia

De não mais

Sentir-me desrespeitado

Robô, automatizado.

Respiro e vou

Para longe da urgência.

Permito demencia

Dor, tristeza

Recomponho-me

Sem complacência.

Estou

E nada é mais livre

Do que estar..