Seis e dezesseis

Seis e dezesseis

Quatro e quarenta e sete...

olhos entreabertos, tela trincada,

corpo dormente, membros não respondem

novamente fecha os olhos.

Modo soneca, vibra e grita, de novo e de novo...

a tela trincada, dá nos nervos,

cinco em ponto e levanta no automático.

O banheiro iluminado, as vistas ardem,

a mãe tosse no quarto.

Algo na cozinha estala: um fantasma,

dos muitos que habitam consigo,

"deixe-o lá"- pensa, que ele faça o café!

Cinco e vinte e cinco, vinte e seis...

Escova os dentes, os olhos fechados

a água morna, o corpo pesado.

Água escaldante da ducha forte,

odor de lavanda, toalha macia, quase um carinho, adormecer de novo... quem dera!

Café em grandes goles, TV, pra que?

Doze minutos para as seis...

Uma roupa qualquer sem muita cor,

a mesma rua, passos sem ritmo,

não vê o caminho, só segue...

Para e espera, precisa acordar e voltar a pensar, precisa tomar posse dos sentidos.

E é então que ela diz: bom dia!

Aquela blusa amarela, emoldurando o decote sutil, uma boca pink aveludada

que fala enquanto sorri,

a pele alva e cintilante, odor de rosas e um par de olhos muitos vivos refletindo o amanhecer.

Faz sol com poucas nuvens, finalmente pode ver.

Seis e dezesseis...

Sem pensar em mais nada, ele começa a viver.

Renata Vasconcelos

Renata Vasconcelos
Enviado por Renata Vasconcelos em 06/03/2018
Reeditado em 04/04/2018
Código do texto: T6272430
Classificação de conteúdo: seguro