Bordadeira

Bordado...

Borda a bordadeira o linho branco sobre a mesa,

vai correndo seu bordado em linhas tênues de saudades.

Já não tece em fios de ouro, despreza também os fios de prata,

borda sempre a bordadeira, sem descanso, suas verdades,

sua história em fios de vida sem destino em caminho solto.

Tecendo...

Tece estradas com linhas como se desenhasse flores,

faz canteiros no meio do corpo como se fosse homem,

como no tear, prende seus desejos como se mordesse a vida,

viajando pelas listras do seu pano escorrido de lágrimas,

borda as bordas das beiradas flutuando em sonhos de luz.

Desenhando...

Vai bordando a bordadeira em ilusão os seus desenhos,

usando os fios emaranhados dos seus sonhos mal sonhados.

Borda a bordadeira em lágrimas os nostálgicos desenhos finos,

que em nós de linhas tecidas conta a história de seu passado,

já sem vida, sobre o linho caminha cego seu destino distorcido.

Dando nós...

Borda sempre a bordadeira, sem descanso, seus desejos

dando nós aos fios do tempo, dando vazão aos sonhos,

os mais loucos que teceu no meio da madrugada sem lua,

no frio alinhavou sua pele queimada de sol,

das tardes solitárias sobrou apenas a pele morena.

Arremate...

Borda a bordadeira seus nós torcidos arrematando a vida,

começa a Fechar os círculos que teceu no meio do coração,

faz desenhos floridos com linhas sem cores, sem graça,

põe força no arremate nos últimos nós sonhando a liberdade,

borda a bordadeira seu destino branco sobre a mesa da vida.

Caio Lucas & Aisha

22/09/2005

Aisha
Enviado por Aisha em 23/10/2005
Código do texto: T62730