Centro... ... ... absoluto
.
De longe, bem longe,
de tão longe quanto,
mesmo, mesmo,
de muito fora do corpo,
precisamente, daí,
relincha um lenho,
range uma crina
pelo jeito da corda,
do arco ou da flecha,
e então, a flecha
pelo arco
a vingar-se uma virtude
que não se pode medir
nem dizer.
Tenha-se, pois, a cor
do que não se conta,
o sabor do não passa
de um grito
abafado
ou, talvez antes,
da voz ébria do violino.
Mas...
há uma força bizarra
no que se manifesta
precioso e, como tal,
ironicamente à margem
dos vícios da cogitação;
... há um instante
com um brilho dourado
e reflexos diamantinos;
...há um rutilar lânguido
no azul em que velejam
os olhos da gaivota;
...há algo sinuoso,
e diga-se, insinuante,
entre a rarefação
e a inexistência tácita
(e isto falhará
de significar alguma coisa
mas muito menos
significará nada);
...há um conjunto mimoso
de ocasos seleccionados
minuciosamente ao acaso;
- e, ainda que se instalem
as mais dilacerantes objeções
quanto à sanidade
intelectual de escritos
congéneres a este -
...há-de sempre haver
um centro
e nele
um vulto e, dele,
não se deixará de inferir
o estar de pé,
exacto,
delicado e sublime,
como em desafio
ao plano basilar do medo.
Há, de facto, um centro
e faço questão em repeti-lo
com o gozo de saber
que é de lá
que a mulher desponta
para que se ame.
_________________________LuMe