Pateta!
.
.
E ter-se a poesia
a escorrer do vento
num enclave cibernético
e ser a palavra solta
ser maresia
ser enigma ou ser Cristina
e subir a pique
espairecendo num poema
para um céu a escreve-se
abertamente
no flamejante da tocha
no brutal alumiado
das coisas
enquanto criações
a encobrir outras coisas
enquanto vida.
.
O cadáver emparedado
tem a bênção da fossilização
ao longo das cores
em que teima em explodir.
E que isto não seja escrever
mas uma espécie
de estar à toa.
Querer gritar e não saber.
Estar longe, longe,
de acontecer
e, ainda assim,
invariavelmente... ser!
Gente!,
que isto não é justo!
Esta história
não acerta com o fim
que eu quero para ela.
A piada é cretina porque
nem a bola é deste jogo
nem o xadrez tem balizas!
.
Pateta...
sabes que os absurdos
também se abatem
e que aquilo a que chamas
de meu poema
teima em continuar.
Obstinadamente,
a avantesma corre
em círculos atléticos
à volta de um umbigo
olímpico mas meu.
O pior é que isto
pode não ser verdade.
Pode ser só um cenário.
E então, pateta,
porque não ?
O que acaba por ser,
é o que se tem!
Como tal,
será o que for, de real,
o possível,
pois!, que remédio!
.
________________________LuMe