Chama... e oblívio

.

Recupero o folego

num lapso de tempo

isento de presságios.

Inspiram-me o sorriso

uns quantos indícios,

por aí,

de uma certa encubação,

de resto,

muito crónicamente

revisitada.

Penso que um dia

lhe terei chamado

- gravidez -

mas não é lá muito natural

que ainda o recorde.

.

"Avec le temp...

tout s'en va!"...

e tanto... tem ido

e desculpem se condescendo

em fazer aturar

nostalgias

avulsas

ou, outramente,

(que não aturar,

ou nem avulsas,

nem de condescendencia,

tampouco nostalgia)

outramemte, sim

e mais... aliás,

mas pouco mais que

xispa de sobressalto,

que acentou arraiais, sedimentou-se,

e ficou em mim:

como sobressalto

que se presa, fez-se vinco,

arvorou-se

em ruga de um tempo indelével,

em cicatriz inglória

de me engendrar

o desiderato de crescer,

sempre, sempre,

por mais

algum tempo

e tão afinalmente

saber-me desvanecer,

como que num pasmo

estemporâneo

num refego opaco

da memória.

...

Ainda assim,

tenho colhido mansidão

em olhar a margem

ao fluir do rio;

tenho retido acasos

em que a voz é do poema ,

dizem por demais os versos

o que eu nunca ousei

nem mesmo no recato

das minhas sombras mais chegadas.

Daí o tanto eu querer

uma certa chama esquiva.

Está dito!... e agora

venha por mim a aniquilação,

drásticamente!

Basta fazerem extinguir

esse lume cá dentro!

Estremeço até

só de imaginar

esse veredito de asfixia.

Ai!, chama minha

gentil

...

...tão apagável.

.

________________LuMe

Luis Melo
Enviado por Luis Melo em 09/03/2018
Reeditado em 09/03/2018
Código do texto: T6275397
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