REFUGO HUMANO

Nos centros das metrópoles,
as marquises são albergues,
dos moradores de rua,
almas no álcool abrasadas,
embrulhadas em jornais,
perdidamente abraçadas,
mortos vivos esquecidos,
corpos fétidos encardidos,
são vidas desumanizadas,
sobrevidas desgraçadas,
tratados como bichos,
bicheiras invisiveis,
sobrevivendo do lixo,
vivem como gabirus,
ratos que ninguém vê,
desprovidos da sorte,
enfrentam a indiferença,
do Estado omisso,
duma sociedade insensível,
a hipocrisia social fede,
falantropia é ficção,
muitas ONGs, pouca ação,
a meia noite vem o sopão,
até mesmo na poesia,
somente no frio extremo
os poetas se condoem,
em versos abstratos,
que não aquecem,
caducam, esquecem.
Nada de concreto,
sobre o concreto,
forrados de papelão,
seguem concretados,
os abstratos no chão,