Ao Chão

Já faz tempo

Sete anos era a idade

Minha testa beijava o chão empoeirado

De uma Santa Missa qualquer.

Visava além do homem velho com a roupa esquisita

Fiz aquelas aulas chatas sobre religião

A única que não tinha sequer um debate

E mais uma vez o pensamento era esfregado em folhas pelas quais não sabia ler

Ou nem entendia

Uma moça visitava a casa de minha avó toda semana

Não era bem uma moça

Mas parecia triste

Também, presa dentro de uma caixa de vidro

Quem se encontra feliz nesse estado?

As mãos juntas

Cabeça ajustada

Pensamento além

Joelhos ao chão

Eu era a única que não conseguia entender

Só aceitava e clamava

Assim como me pediam

Rigorosa obediência.

E no final

Agradecia e pedia por qualquer coisa que seja

Paz mundial, saúde, proteção

E sair daquele lugar.