O primeiro último poema

Não vim dizer

Vim escrever

os meus versos na água

Na área, no ar desse tempo

que tudo passa

Não vim dizer

Vim ser

Eu destituída de comparações

E semelhanças.

Não sou uma identidade

Sou antes pluridentidade...

Eu só não sei ser

Eu só não existo

Sou eu e os Outros

Todas As Outras e Eu.

Não sou só uma flor bela

Sou uma Florbela espancada

E que tem alma

Sou uma SoFrida

Que pinta a si

Em seus quadros de palavras

E versos...

Atropelada pelo bonde

Mas sempre resistente na vida.

Olho para as minhas mãos

E coração...

vejo os calos do tempo,

As feridas

vejo outra de mim

Tão clara e diversa

Irmã e desconhecida...

Vejo marcas e sinais

de que sou capaz de sobreviver

A Tudo...

Sou Frida

Não mais sofrida do que

Sou Bela

Não só mais uma flor espancada

Sou mulher forte

Sinto no âmago

A dor de ser, viver, sentir

E o tormento de pensar

Não sou mulher frágil

Sou mulher de couraça

E coragem

revestida de sentimentos.

Camila Arruda
Enviado por Camila Arruda em 14/03/2018
Código do texto: T6279167
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