É Passageira

Férias, a tranquilidade de um sítio e dois amigos brincando na terra. Bois, fazendas e carros era o Playstation do momento. De repente uma sombra sem precedentes e uma enorme e escura nuvem cobriu o quintal onde brincavam. Um – o mais novo -, receoso, olhou pro outro e falou: “vou embora. Vai chover”. Analítico e sem hesitação o colega mais velho responde: “é passageira. Vai passar”. Hoje sou eu quem conversa comigo. Aquele mesmo garoto que há tempos cogitou desistir da brincadeira pelo risco de chuva dialoga com o adulto que aprendeu que a chuva passa. Um olha e afirma que vai chover, melhor parar onde está. O outro, então, crescido como quem conhece nuvem por nuvem longe de todo medo e receio enche os pulmões e afirma: é passageira. Vai passar. E assim, eu que outrora brinquei com bois e com carros sem medo de ser feliz, lançado ao próprio desejo de apenas brincar, insisto em mostrar a mim mesmo que sombras sem precedentes são projeções de todas as épocas – até mesmo das férias. E que por mais tenebrosa e violenta que pareça a nuvem, vai passar. É passageira.

MottaLucas
Enviado por MottaLucas em 18/03/2018
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