Aviões Odiosos

A culpa é dele,

voando por aí.

Culpa daquele,

o que ousa existir.

Toda vez me lembro,

toda vez me irrita:

Como aquele

pode ousar levar

uma boa vida?

Eu abdiquei da

minha; alternei

à distância, eu;

e ele continua,

planando, leve,

de asas finas,

em céu Breve.

A culpa é

daquele

avião.

Se ele não

voasse,

minha vida

melhor seria.

Não viveria

este inferno

sem perdão.

Sem ele,

lá, eu bem

viveria.

A culpa

é toda

do avião.

Sem ele

o mal não

existiria.

Mal lembro

e já o vejo:

sem ele lá,

tudo melhor

seria.

Seu planar

é minha

ruína.

A culpa é toda daquele avião.