POETAS E ABELHAS

Poetas e abelhas

São a mesma coisa!

Poetas e abelhas captam a essência

Das flores-coisas para frutificarem

O mundo. As abelhas operárias estéticas

Sujam as céleres patas de pólen dourado,

Os poetas sujam as calejadas mãos

De macia tinta ou de fluente carvão.

Poetas e abelhas cruzam campos incertos

E desertos atrás de uma singela flor-coisa.

São pequenos polinizadores de sonhos,

Úteis gigantes em sua imperceptível missão.

Poetas e abelhas usam listras como símbolo,

Uma armadura contra toda a secura dos dias.

Abelhas têm o ferrão por espada

Os poetas têm o lápis de imagético.

Poetas e abelhas estão constantemente zumbindo

Um hino de socorro na esperança de que alguém os escute.

Poetas e abelhas moldam colmeias-casas

Cheias de mel, mas que poucos se atrevem tocar.

Poetas e abelhas estão entrando em extinção, e ainda, sim,

Teimam deliberadamente em não deixar a achada flor-coisa estéril,

Sem qualquer percepção do olhar alheio corriqueiro

Sempre apressado demais para poder ver o infinito no ínfimo.

Poetas e abelhas apesar da aridez e insensatez

Seguem seu voo de proselitismo frutífero-poético.

Poetas e abelhas

São a mesma coisa!

Poetas e abelhas

São a mesma coisa!