Apenas mais um

Menino, sem luz, sem caminho,

caminho encontrou na beleza,

beleza traçada no escrito

escrito e esquecido na mesa.

Menino, sem luz e sozinho,

sozinho escreveu seu poema,

poema sem fim, sem sentido,

sentido no choro da pena.

Menino, no seu quarto escuro,

escuro, teceu mais estrofes,

estrofes de tempo noturno;

noturno, selou-as em cofres.

Menino escrevera baladas,

baladas pra sempre perdidas,

perdidas, sem luz, não lançadas,

lançadas somente pras ninfas.

Menino, supões-te poeta?

Poeta não lido é maluco!

Maluco somente; e pateta,

pateta ao restante do mundo.

Menino, não tens a centelha,

centelha que alumbra a verdade;

verdade é que és feito de areia,

areia de mediocridade.

Sem luz, ele escreve mais rimas

a seres ambíguos e nadas;

aqui vai mais um para as ninfas

que logo será para as traças.

Publicado em outubro de 2017 na primeira edição da revista Recorte Lírico (edição Iluminar).

http://recortelirico.com.br/revista/

Malveira Cruz
Enviado por Malveira Cruz em 02/04/2018
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