Em Nome da Rosa e da Verdade
Eu sou rosa
e, como todas elas,
tenho meus espinhos.
Mas se você souber
me pegar com jeitinho,
não vou machucar você,
e você ainda poderá usufruir
do que tenho de belo e fragrante.
Sou também filósofo
e, como todos eles,
tenho minhas incoerências.
Mas se você souber
me ouvir com inteligência,
não vou confundir você,
e você ainda poderá usufruir
do que tenho de sábio e luminoso.
Mas a ninguém será permitido
arrancar meus espinhos,
resolver minhas incoerências.
Eles são minha defesa
e meu impulso para crescer.
Se alguém os tirasse de mim,
se tornaria opressivamente responsável
por deixar a rosa indefesa e frágil
e tornar o ser um ponto estático e imutável.
A rosa e o filósofo devem extirpar
com suas próprias mãos,
por sua própria força e compreensão,
as armas e as imperfeições
quando delas a evolução
houver declarado a inutilidade.
Mas, se por um momento mágico,
um rasgar de véus,
você tão-somente aspirar o meu perfume
e vislumbrar apenas a minha luz
e me fizer maior do que sou...
Lembre-se do que lhe disse,
quando a você me revelei, humilde,
em nome da rosa e da verdade.
Mas saiba também que, dia após dia,
sem ilusão ou magia,
caminho, aos tropeços,
para a imagem idealizada.