No canuão do pai Migué

No barranco da beira

Um Amazonas assanhado

Uma pontizinha pinguela

A canoa amarrada

Dançando no balanço da marisia

A mulher vigorosa

Sem medo de cair

Embarca de repente

No banco do meio

Se acomoda com cuidado

A vela é alçada

Seu Migué olha de soslaio

Todos sentados como dá

uma mão é do Leme a outra pra acenar

A viagem começa

E a reza também

Um terço nas mãos

Preocupações na cabeça

Enfrentar essa luta

Com força e altivez

Os filhos pra criar

A comunidade pra cuidar.

E no meio do rio, os grandes banzeiros

Assobio do vento

As velas cheinhas

O timão bem seguro

Naquelas mãos calejadas

Virge Maria Mãe de Deus

Mas que medo das águas

E o encontro delas chegou

As águas barrentas e as claras

Amazonas e Tapajós

Que lindeza é o mundo

O privilégio da vida

A mulher segue ali

Sentadinha, conversando

A prainha vem chegando

Já pensando no que fazer

Os filhos estudando

Precisando de comer

É admirável o vigor

A mulher bem rapidinho

A cidade linda à frente

E ela pronta, chegou.