Cemitério das aves

Tão, tão silencioso

É o cemitério das aves,

Onde o único cântico que se ouve

É o assobio do vento frio entre as lápides

Que guardam os frágeis ossos de vidro

De asas que outrora navegaram pelos ares;

Não duvides aqui, um dia, houve flores,

E em revoadas podíamos felizes viver,

Hoje sobraram apenas pó e horrores

Que não nos é mais permitido dizer;

Só há agora, este cemitério das aves,

Cercado de cinza por todos os lados

Onde erguem-se, de concreto, novos palácios,

E as aves que por aqui ainda querem viver,

Suas asas por si mesmas arrancadas devem ter,

E usar-lhes as cores que eles têm a oferecer;

Aquelas que assim como eu ainda tentam voar?

Estas tão logo sabem e começam a erguer

Um belo e esplêndido mausoléu ornado

Para a memória da coragem e do sacrifício

Que não tiveram medo de fazer