ASTRONAUTA

Eu queria viver pra alguém/

Que nenhum segundo da minha vida/

Eu deixasse de gostar/

Alguém que todos os dias/

Apesar da idade/

Apesar da velhice/

Eu pudesse ter necessidade de estar do lado/

Mas isso não me foi possível/

Porque procurei sempre no par/

A efemeridade da beleza/

Sai no mundo afora/

Constitui riquezas/

Constitui conhecimentos/

Mas nunca encontrei o amor/

Vivi o prazer de muitas mulheres/

Mas se quer/

Consegui sentir o pulsar/

Desse sentimento que redime os homens perante seus pecados/

Ando cego por aí/

Completamente perdido num vazio/

Entre coisas que não fazem qualquer diferença/

E triste os meus dias vão/

Sem conseguir enxergar com os olhos o essencial ao coração/

Incontente deixei a lua/

E voltei a olhar o deserto/

A ver a solidão como única companhia/

Que exaure as minhas forças/

E me enclausura nos dias/

Preso assim/

Como um ser sem direção no infinito/

Entrei em orbita/

Na escuridão dos meus medos/

Vago procurando o que só encontro/

Na lembrança dos sorrisos das flores/

Que Identifico na eternidade das horas silenciosas/

Mas já não consigo, na realidade encontrar/

Eivando na insanidade/

Absorto começo a perguntar/

Quem é você/

Que não sei onde estás/

Nem como encontro/

Nessa escolha que fiz sem saber onde vai dar/