Aglomerai, gozai sem diques

não estanque a respiração nem

o show rebolado inscrito

não cale o fervor incorreto

desfie o terno inconcebível

desejoso de nos lacrar

aglomerai de cabeça alçada

gritada aconchegada a nudez

do artista formidável num

alarme - retesada flecha da

criação viralizada e morada

não desmemorize não aceite

sou drag queens cosmopolitas

de norte a sul mais ainda

lavemos a jato a abjeta

caricatura da nação

orixás de partido alto punks

afeminados o lado português

sentimental tribal gozo

púbis do poema rubro

falado falemos o agora de Wi-Fi

a memória desfraldada a bordo

museus da idiotização agrupada

contudo não estanque a respiração

o sarau de olho na rua retumba

mas não desmemorize não aceite

você... pulha meu igual na agonia...

lavemos a jato a abjeta hipocrisia

de um país desfigurado

sigamos desejosos mesmo num vale

laborioso de inaceitáveis lacres

e insistentes diques que miram

numa ferida selvagem a

necrosar a saudade de um país

que nunca existiu

mas não estanque a respiração

o púbis do poema deveras

tem que - montado com mandinga -

infinitamente gozar

André SS
Enviado por André SS em 22/04/2018
Código do texto: T6316108
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