Ansiedade

No antecipado do tempo vou engolindo sem mastigar o sentimento

Não é aquele que antevi e sim um outro amargo, mal cozido

A vontade do "ter" salta os olhos infantis, faz o estrago na festa

O desembrulhar dos presentes é algo desconexo e brutal

Pura ansiedade

O imaginar do beijo que nem o outro adivinharia com tamanha rapidez

A palavra que sai tal touro na arena, mordida em desalinho, doida a correr

O carinho que de suave não se controla e pula nas mãos como cavalo bravo

O olhar de tão desejoso cospe inveja e destila um ódio não compreendido

Pura ansiedade

A cachaça empurrada garganta a dentro, rascante desejo de se embriagar com o ar

A fome sem testemunho do sabor engole alimento como um cão de rua, atrevido

O desejo de desejar mais e mais o que nunca-visto foi e sem saber o que será

Olho grande e comprido, devorando o tempo, derrubando prazeres reais

Pura ansiedade

Queria escrever mais, mas, por pura ansiedade , fui na página devorado.

Roberto Solano
Enviado por Roberto Solano em 28/04/2018
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