Uma breve viagem ao inferno
Vamos subir lá!
As árvores estão nos fitando;
Espere! Deus Caos! Estamos chegando
Até a sua alcova demoníaca.
Estou dentro de uma cena chata,
Estou vivendo um século em alguns minutos
De incidentes já previstos e astutos
Nesta bola de miolos.
O chão está na vertical da noite;
Os galhos estão caindo na escuridão;
O silêncio vai contaminando um refrão
Escondido atrás de um palco sombrio
De artistas sinistros e robóticos.
Vejo todos em uma visão retardada
Presa na alma atormentada.
Penso que estou em um jogo.
O frio traz milhões de espadas
Que entram na carne e quebram os ossos de candura;
O corpo vai derretendo-se em loucura;
De repente sou movido a gasolina.
Quem é mais rápido?
A minha sombra? Eu?
A bíblia, o tempo, a cena, nada é meu,
Apenas as iluminações angustiantes.
O tempo é atroz, irradia e aflige.
O hospício é a minha casa!
Na margem lamacenta descubro que sou a caça;
Sou feito de perversão afiada e inverno destruidor.
As minhas mãos não conseguem sentir
Meu rosto frio. Estou sem rosto!
Chegamos ao inferno e o medo foi posto,
Nos enganando e gritando um fado.
O espelho não diz quem eu sou,
Destila a cicuta dos meus olhos amedrontados.
Cambaleio nu enquanto todos os corpos estão atados
A uma noite... que Satanás guarda!