Mil e uma noites
Eu atravesso a rua erótica
Que tem apenas alguns metros de distância
Do meu gozo que ri como um louco.
Comigo a música vibra
E colore mil e uma noites.
A madrugada geme, canta, lambe
Os corações ébrios e selvagens.
Ligo as linhas fantasiosas e libertinas
Do cérebro que se enche de vodca;
Vinda das mais altas torres angelicais
E dos órgãos que se enchem de paixões bizarras.
Conto aos boêmios todos os meus
Amores infernais que se amontoam;
E eles cantam e uivam sobre os ônibus que
Carregam almas e animais velhos.
Para as mulheres (a meretriz, a louca!),
Digo as frases mais sutis que embaraçam
Os meus desesperados espíritos.
Se proliferam sons de agonia e sedução,
Devaneios que se encontram nos esgotos
Onde se afogam as flores da Musa,
Onde se encontra o devorador de flores.
O canto da vida na noite é supremo!
Liquida as caretas passadas e futuras,
Endoidece menestréis de estradas voláteis,
Endoidece desde o mais normal babaca
Até um sagaz voyeur qualquer.
Um singelo sorriso se vê na escuridão;
Não questiona, apenas chama, apenas deseja!
Olho para cima e percebo um brilho
Que sai das mãos de um mundo
Que fica a embevecer os seus filhos pródigos;
Felizes ou não, eles gritam e se vão
Com luzes de néon por todos os lados.
E do outro lado ela fica molhada,
Ela chora à espera de seu libertino cavaleiro!
Esse frio que chega entra na ferida
Oculta que usa uma máscara
De palhaço, e no peito ele tem
Uma interrogação incessante.
Eu dissipo versos perfeitos e podres,
Eu provoco buracos fundos e mesquinhos,
E encho buracos sublimes e incompreendidos.
Pelas 3 da manhã, me estico
Na grama que tem as cores do meu sonho,
E tenho a lua como a minha amante;
Ela não me esquenta, mas me faz gozar;
E murmuro em seu ouvido:
- Me deixa de pau duro, e em teu altar
Glorificarei em todas as mil e uma noites!