Olhe, mas tente ver.

Nas campinas

Olhe, a primavera

Que me rodeia

Me encanta, me recorda

Das flores que marcavam

Cada momento com seu perfume

E seu floreio banhado

À luz do sol.

Para cima

Olhe, nuvens cinzas

Que dominam

De instante e instante

O que costumava ser

Um calmo céu azul

Sem preocupações

Ou interrupções em seu brilho.

Na minha mente

Olhe, apenas você

Você que entrou sem permissão

Pelas portas trancadas à mil chaves

Do meu funesto coração

Coração aquele

Que fora pisoteado

E marginalizado

Por tentações e promessas

Que não acabariam bem

Em nenhum tipo de realidade

Ou surrealidade.

N'alvorada

Olhe, estrelas solitárias

Que permanecem lá

Onde ninguém pode tocá-las

E ninguém é capaz de machucá-las

Nem mesmo podem mexer

E bagunçar o que antes

Estava perfeitamente arrumado

Elas ficam lá

Observando-me implorar

Para que eu me torne uma delas

Em meus versos

Escritos em um pedacinho de papel

Que são jogados fora

Ao cair da madrugada.

No ápice do meu desespero

Olhe, letras embaralhadas

Esperando para servir de ponte

Para o elo entre meus sentimentos amargos

E minha desesperança exposta.

Em meu manifesto

E em minha fuga

De um final trágico

Olhe, um poema.

Daniel Yukon
Enviado por Daniel Yukon em 07/05/2018
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