Olhe, mas tente ver.
Nas campinas
Olhe, a primavera
Que me rodeia
Me encanta, me recorda
Das flores que marcavam
Cada momento com seu perfume
E seu floreio banhado
À luz do sol.
Para cima
Olhe, nuvens cinzas
Que dominam
De instante e instante
O que costumava ser
Um calmo céu azul
Sem preocupações
Ou interrupções em seu brilho.
Na minha mente
Olhe, apenas você
Você que entrou sem permissão
Pelas portas trancadas à mil chaves
Do meu funesto coração
Coração aquele
Que fora pisoteado
E marginalizado
Por tentações e promessas
Que não acabariam bem
Em nenhum tipo de realidade
Ou surrealidade.
N'alvorada
Olhe, estrelas solitárias
Que permanecem lá
Onde ninguém pode tocá-las
E ninguém é capaz de machucá-las
Nem mesmo podem mexer
E bagunçar o que antes
Estava perfeitamente arrumado
Elas ficam lá
Observando-me implorar
Para que eu me torne uma delas
Em meus versos
Escritos em um pedacinho de papel
Que são jogados fora
Ao cair da madrugada.
No ápice do meu desespero
Olhe, letras embaralhadas
Esperando para servir de ponte
Para o elo entre meus sentimentos amargos
E minha desesperança exposta.
Em meu manifesto
E em minha fuga
De um final trágico
Olhe, um poema.