AQUI NESTE AGORA.
Ah se viesse mi ter
por agora,
no esplendor desta
tarde de outono,
seria ora seu cativo
ora seu dono...
Mas que inglória,
a tarde vai desistindo,
me deixando o vazio
deste agora...
Da janela um rio
volumoso me abraça,
na parede um vazio
casulo de traça,
um ocioso vácuo,
e nada mais...
A saudade me aperta
me enforca de um jeito,
e eu sem querer me
contorço e me ajeito,
entre o fulgor dos
raios do sol que se esvai.
Ah, se viesse me ver
e ficasse,
e com a ternura de uma louca
me abraçasse,
eu não mais seria um sol
se pondo.
Eu sorriria ,
com a mesma efusão
deste choro de agora,
cataria uma folha solitária,
colheria um botão desta
amarela Dália,
para lhe ofertar.
Mas vós não vem,
e como me dói a distância
deste infinito,
é tão longe que nem
me arrisco,
numa tarde lhe esperar...
Engulo o grito...
caem folhas, venta
a brisa,
e enquanto a tarde recolhe,
penetro em mim
este infinito território
para o amor habitar.