AQUI NESTE AGORA.

Ah se viesse mi ter

por agora,

no esplendor desta

tarde de outono,

seria ora seu cativo

ora seu dono...

Mas que inglória,

a tarde vai desistindo,

me deixando o vazio

deste agora...

Da janela um rio

volumoso me abraça,

na parede um vazio

casulo de traça,

um ocioso vácuo,

e nada mais...

A saudade me aperta

me enforca de um jeito,

e eu sem querer me

contorço e me ajeito,

entre o fulgor dos

raios do sol que se esvai.

Ah, se viesse me ver

e ficasse,

e com a ternura de uma louca

me abraçasse,

eu não mais seria um sol

se pondo.

Eu sorriria ,

com a mesma efusão

deste choro de agora,

cataria uma folha solitária,

colheria um botão desta

amarela Dália,

para lhe ofertar.

Mas vós não vem,

e como me dói a distância

deste infinito,

é tão longe que nem

me arrisco,

numa tarde lhe esperar...

Engulo o grito...

caem folhas, venta

a brisa,

e enquanto a tarde recolhe,

penetro em mim

este infinito território

para o amor habitar.

Angelo Dias
Enviado por Angelo Dias em 11/05/2018
Código do texto: T6333883
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