CARTA ABERTA
Me perguntaram: "Quando serás um poeta?"
Sou apenas a rebeldia de quem tem preguiça dessa vida
Rejeitado por motivo aparente
Aparente a minha barba a fazer?!
Ou talvez minhas roupas?!
Quem sabe?
Me falaram que é uma doença grave
Classificada como um transtorno
O doutor me disse:
"Excesso de percepção insuportável"
Lamentável!
Sem cura
Mas controlável...
(Nunca serei poeta)
Mas sou fingidor
Finjo dor
Finjo amor
Finjo resistência
ATÉ ESBARRAR NA CARNE QUE TENTA!
Frustrante!
Um frustrado que aprendeu a escrever
Seria essa a digna profissão dos preguiçosos?
Irônico!
Mas queria ser mesmo ingênuo:
"O ingênuo é último a morrer de infelicidade"
Disse o sábio em tom de partida...
Então sendo assim
Serei criança novamente
Tamparei meus ouvidos ao som da primeira lição de casa
Inventarei outra língua
Viverei outra vida
Eu seguiria sem tempo
Acredito...
Destruiria os ponteiros
Das horas....
Dos minutos......
Dos segundos...........
EU DESTRUIRIA O RELÓGIO INTEIRO!
(Nunca seria poeta)
Não viveria da dor
Seria eterno cantor
Dos dias que nunca passam
Insano!
Ao menos se eu tivesse entendido a placa de PARE! ao chegar na fronteira
Mas sou lento demais para tudo isso
Agora já estou longe
Virei ave
Subi aos céus
(Nunca fui poeta)