CARTA ABERTA

Me perguntaram: "Quando serás um poeta?"

Sou apenas a rebeldia de quem tem preguiça dessa vida

Rejeitado por motivo aparente

Aparente a minha barba a fazer?!

Ou talvez minhas roupas?!

Quem sabe?

Me falaram que é uma doença grave

Classificada como um transtorno

O doutor me disse:

"Excesso de percepção insuportável"

Lamentável!

Sem cura

Mas controlável...

(Nunca serei poeta)

Mas sou fingidor

Finjo dor

Finjo amor

Finjo resistência

ATÉ ESBARRAR NA CARNE QUE TENTA!

Frustrante!

Um frustrado que aprendeu a escrever

Seria essa a digna profissão dos preguiçosos?

Irônico!

Mas queria ser mesmo ingênuo:

"O ingênuo é último a morrer de infelicidade"

Disse o sábio em tom de partida...

Então sendo assim

Serei criança novamente

Tamparei meus ouvidos ao som da primeira lição de casa

Inventarei outra língua

Viverei outra vida

Eu seguiria sem tempo

Acredito...

Destruiria os ponteiros

Das horas....

Dos minutos......

Dos segundos...........

EU DESTRUIRIA O RELÓGIO INTEIRO!

(Nunca seria poeta)

Não viveria da dor

Seria eterno cantor

Dos dias que nunca passam

Insano!

Ao menos se eu tivesse entendido a placa de PARE! ao chegar na fronteira

Mas sou lento demais para tudo isso

Agora já estou longe

Virei ave

Subi aos céus

(Nunca fui poeta)

Amer
Enviado por Amer em 12/05/2018
Código do texto: T6334443
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