O poeta humaniza uma rocha

Eu ando entre os dois mundos,

Aqui não existe ponteiros,

Ninguém morre, nem vive,

Qualquer carinho é exagerado,

Qualquer desespero é um silêncio...

Neste ínterim, neste interstício,

Encontrei com aquele que vinha em sentido oposto,

E ele trazia olhos sangrentos,

Um peito arcado de pesos infinitos,

Como a morrer, se pudesse, ele vinha

E trazia consigo escuridão de muitas eras...

Mas, antes do encontro,

Pus-me a pensar

Que tudo é quanto criamos,

E toquei nas rochas com meus versos,

E elas se animaram,

Elas se humanizaram em meio a luz,

Em meio às fulgurações da musa,

Que se deitava comigo,

Que, de olhos fechados me dava seus lábios,

De onde eu bebia de sua saliva sagrada...

E assim, acompanhando nossos movimentos e alquimia

A noite enche com escuridão o ser rochoso que se erguia,

E então,

Para aquele que vinha me anular

Foi apresentado a rocha humanizada,

Que o envolveu,

E dali,

Novos caminhos se fizeram entre a treva e a luz...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 21/05/2018
Código do texto: T6342473
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