À espera da presença incessante

Sempre pareci frígida,

E sim, posso afirmar,

porém com muitas palavras recitadas e ditadas.

Nunca engane-se,

todo poeta ou o que quer ser poeta,

quem sabe eu um dia eu a seja,

esconde seus tais deletérios por de trás de doces palavras rabiscadas num papel couchê qualquer,

ou mesmo num rabisco de um guardanapo.

Jamais em hipótese alguma escolhi escrever com rimas,

por achar cafona demais. Sim, sou autêntica.

Escrevo versos incertos, complexos, d'onde não há almejar-me escrever versos comuns, um tanto encantadores, apenas por aduzir amor, este, por vezes tão ilusório, tampouco escrevo a rimar por cada estrofe.

Escrevo como sou e do modo que tenho apreço:

Por vezes fria, doce, azeda, autêntica e romântica.

Não me convém respeitar o português em suas regras para meus escritos poéticos ou crônicos.

Apenas escrevo com o meu eu interior.

E esta é minha identidade: única.

Já virou tanto um clichê:

nos meus escritos aduzo que não há

rimas e tomo porres de tequila e café quente.

Possuo cartas nunca enviadas e saudades nunca matadas.

E deste modo estou a prosseguir.

Sim, sinto que pareço-me, por vezes, um tanto desajustada no que concerne ao meu sentimentalismo interior,

porém posso aludir que apesar das traças do tempo,

em mim habita algum rastro,

algo qualquer que quer que seja,

bem assim mesmo, redundante.

E foi ele.

O segredo que me fez quebrar todo clichê e orgulho,

me trazendo ira por contrariar meu tal orgulho.

Ele me embalou como música.

Ele me fez um tanto romantizar.

Ele balançou e desorganizou meus sentidos e sentires,

e me fez sentir a dor física de quando perdemos alguém que amamos, seja por uma simples saudade,

ou por uma iludica sensação de expectativa e espera da volta dele,

com aquele olhar um tanto cafajeste e com o verde dos olhos dele reluzindo aos meus escuros castanhos,

onde não posso negar que os amo.

Ser quem sou,

e expressar meu amor,

não é tarefa fácil, tampouco decifrável,

uma vez que sou indecifrável.

Talvez ele decifre-me.

Apenas sei que relutei inúmeras vezes conta o destino e a um órgão qualquer que metaforicamente aduz tanto significado: coração.

A tal espera é incessante, impaciente, impossível, intolerável, incontrolável.

Apenas o quero.

E ele ganhou na primeira tentativa de me desconsertar:

ele me apresentou o amor com rimas de cerveja e “mojito” numa noite de boêmia, claro e seus galanteios cafajestes.

Pudi me ver louca um tanto insana na espera incessante de ter novamente o gosto dos lábios dele aos meus.

Porque simplesmente já era amor,

e mal sabia eu.

Ah destino, porque hesitas me desafiar?

Talvez saiba eu a resposta e pelo orgulho que ainda me toma conta,

não queira pronunciar,

tudo bem, ainda pode ser cedo.

Não sei quando,

nem onde,

nem de que jeito,

porém simplesmente o amo ,

assim como desejo espera-lo num fim de tarde após o sol adormecer,

sentir o cheiro e o roçar de sua barba.

Assim como desejo fazer o nó da gravata dele todas as manhãs.

Marinara Sena

26/05/17

01:29 pm

Marinara Sena
Enviado por Marinara Sena em 27/05/2018
Reeditado em 23/05/2021
Código do texto: T6347593
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