Desenrolar

Sou essa expansão metamórfica da vida!

Sem laços, sem fita, sem enredo,

sem cortinas…

Por hora sou tempo...

Sou passageiro do meu momento.

Sou espectador da reciprocidade,

e no silêncio, eu sigo atento.

Com algumas rimas, pouca métrica,

descrevo esse desalento!

E crio diante dele, um carretel para meu invento.

E ao desenrolar esse novelo,

fujo novamente do repente.

Me deparo com um menino sorridente,

mas deveras inconsequente…

Ora, pois sim! Como disse, sou indigente!

Molécula solta em largo contingente!

Sem ligação, sem cadeia, sem reagente.

Deixando a química de lado,

revejo um passado apertado.

De breves fulguras, e um amargo bocado.

No mais, o amargor já dizia seu nome:

Era joelho ralado, cotovelo cortado,

e dente quebrado.

De fato, há muito mais a ser lembrado…

Porém, é uma pena, o delírio ter esgotado,

mas o carretel inacabado...