ESTOJO DE RECORDAÇÕES

Giram os ponteiros, ininterruptos,

A caminho do futuro, lentamente

A mostrar o andar marcado do tempo.

Passada a ladainha das horas,

O peso da tarde tem o corpo de um elefante,

Imóvel na mesmice diária da memória.

E o pensamento, a destreza de uma ema,

Que busca ter a agilidade da gaivota,

Prestes a voar ao primeiro susto, em vão.

Desenho na memória as estrelas,

Que eu via na juventude, guardo-as

Com todos os objetos e perfumes da época.

No estojo de recordações, há pedaços de mim,

Abro-o no torpor da tarde e saltam dele

Lembranças e alegrias teimosas.

Travo a tampa com ferrolho e rosca,

Guardo-o cuidadosamente no peito,

Para abri-lo outra vez amanhã.

Dalva Molina Mansano

Dalva Molina Mansano
Enviado por Dalva Molina Mansano em 30/05/2018
Código do texto: T6350847
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