PEGUE-ME, GUIE-ME.

Pegue, tuas mãos

de fantasias,

e coloque-a sobre as

minhas mãos caipira,

elas são ásperas ,

misticas , mas ternas.

Coloque-as antes que

a noite adultera morra,

respire o poema que

lateja no meu peito,

deguste minha respiração

em pequenas doses.

Ela, a respiração, traduz

o que passa no meu coração,

e este agora, é o expresso

gosto da terna felicidade,

cole em mim, este muro,

sentimento sem fim, brisa

morna na quente madrugada.

Coma e beba o farto prato,

deste tempo do corpo,

ouro de Minas, pedra bruta

brilhando nas quebradas,

pranteia lagrimas de gozo

sobre meu peito suado.

Recaia sobre nos

este tempo peremptório,

luzes, estilhaços, matizes,

que nossos sentidos sejam

bem mais que querer,

seja realidade.

Sobre o futuro,

deixe-o correr a passos largos,

o presente é só nosso,

que escorra sobre nós, o manto

da noite,

como uma nuvem que corteja

a mais simples paisagem.

Desta janela que me descortina,

me construo na maciez

da rocha esquecida na mata,

e como faz bem, sua calma,

e neste loquaz discurso,

me esvaio em sinceridade.

Venha, deposita suas mãos sobre

as minhas,

caminhe em mim,

como um rio no seu leito,

e deste grito que em eco se faz,

me faço em longa margem,

para que deite na maciez da

relva carne,

para nos fundirmos

num só suspiro,

e no abraço da noite,

matarmos a infinita saudade,

pegue-me, guie-me,

nesta morna madrugada.

Angelo Dias
Enviado por Angelo Dias em 02/06/2018
Reeditado em 03/06/2018
Código do texto: T6353726
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