FIM DE TARDE.
Um cigarro
para quem gosta
do trago,
para mim que gosta
do teu sorriso
um afago,
letras soltas numa
avenida,
cheiro de pneus ,
fuligens de embreagens,
nada me turva,
nesta louca vida,
o cotidiano é minha
estrada,
por onde finco meus
pés ,
suor no frio do inverno,
boa desculpa para um
abraço terno,
a avenida passa,
da janela do automóvel
corre os olhos,
não distraio,
meu foco é teu colo
que desaba sob o
impio decote,
nada de maldade...
apenas o tempo real
da inspiração,
esta faca afiada que
mergulha no coração,
nada de cigarro
para quem gosta do trago,
tudo de mim para vós,
esta mistura de santidade
com pecado,
um bom prato para um fim
de tarde,
nada de alarde,
apenas expectativas.