DUALIDADE.
Esta parte de mim
que se expõem,
é um tanto apagada,
é céu de inverno
nas manhãs geladas,
esta parte é o frio
sopro dos pulmões
da alma.
A outra sim, é intensa,
é mar revolto,
é jardins em floradas,
onde as abelhas do amor
vem, suga o mel,
e faz morada,
esta parte que ninguém vê,
que passa noites acordada,
planejando o beijo certo
na boca nunca beijada,
esta parte é combustão,
é fogo que lambe os montes,
é água que mela a grotas
em épocas de invernada,
esta parte é quase tudo,
esta parte é quase nada,
é aquela folha simples
que decora as estradas,
mas as duas quando juntam,
forma o todo do poeta,
com seu jeito acanhado,
na timidez do sertão,
as estrelas que cintilam,
com as cinco pontas repletas,
na união das duas partes,
faz a alma do poeta,
morar num templo etéreo,
onde os verbos se completam.