DUALIDADE.

Esta parte de mim

que se expõem,

é um tanto apagada,

é céu de inverno

nas manhãs geladas,

esta parte é o frio

sopro dos pulmões

da alma.

A outra sim, é intensa,

é mar revolto,

é jardins em floradas,

onde as abelhas do amor

vem, suga o mel,

e faz morada,

esta parte que ninguém vê,

que passa noites acordada,

planejando o beijo certo

na boca nunca beijada,

esta parte é combustão,

é fogo que lambe os montes,

é água que mela a grotas

em épocas de invernada,

esta parte é quase tudo,

esta parte é quase nada,

é aquela folha simples

que decora as estradas,

mas as duas quando juntam,

forma o todo do poeta,

com seu jeito acanhado,

na timidez do sertão,

as estrelas que cintilam,

com as cinco pontas repletas,

na união das duas partes,

faz a alma do poeta,

morar num templo etéreo,

onde os verbos se completam.

Angelo Dias
Enviado por Angelo Dias em 13/06/2018
Código do texto: T6363115
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