O PAREDÃO E O MAR

- Ó, pedras quase afogadas no oceano,

lavadas pela salgada água do mar,

sois blocos e não poético engano,

sonho deste velho vate a te fitar!

- Ó, meu paredão, nada te furará,

muito menos este mar de água salsa,

o qual sobre tuas faces se espalhará,

na leda espera de tua expulsão falsa!

E a cada golpe da revolta vaga,

cada pedra se verá muda e inerte;

e mesmo que se possa jogar praga,

por lá só água de Netuno se verte.

No passar dos anos de sua labuta,

o mar molda-se fraco e fica ordeiro,

que por não transpor o paredão em luta,

molha-no e ainda salga-no por inteiro.

Salvador, 01/04/2000.

Oswaldo Francisco Martins
Enviado por Oswaldo Francisco Martins em 16/06/2018
Reeditado em 16/06/2018
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