NO DIVÃ

Às torrentes do verossímil, sim, confesso trêmulo ante o espelho...tudo igual e tão afetado nesse tumultuado templo de personas. Os mitos e crises, os sais e conflitos, as odes e planos, os muitos enganos que engordam infelizes, monumentais estantes e pedras de brilho baço, notável ironia e amargurado cansaço, tudo isso ocupa espaço e faz volume no umbigo. Deixa ver se consigo espremer esse halo pra dentro do gargalo da minha ferida. Não há outra saída. Em lugar de perfume, um copo de bebida. Ao invés da paisagem, parede soerguida à prova de testemunhas. Que não me faltem presságios no silêncio em degredo. Que tenho tido cuidados demais com esse medo.

Esse ar assustado não me sai do rosto. Há de haver uma sombra maior que sugira o oposto, que me saia em conta, parcelada em sessões regulares, em gotas milenares de brutal apatia, em face do resumo que faço e me esvazia, à parte o que me sai dos lábios ressequidos, ainda tenho beijos guardados em estado líquido, na hipótese de ser amado mais uma vez, pensando me amante também e talvez, o mais reles replicante, insosso igual semelhante, sem poréns ou entretantos, pessoal no desencanto, único como um menino, virtual navegante e intransferível nos desatinos.

ROSE VIEIRA
Enviado por ROSE VIEIRA em 19/06/2018
Código do texto: T6368467
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