ESCURO NOTURNO
Poema de:
Flávio Cavalcante
I
Além do palmo não enxergo nada
Sem encontrar nenhum ponto de luz
No que tateia os dedos na passada
Nenhuma sombra que sobra e conduz
II
Cego sem guia e sem bengala
Breu do labirinto sem achar saída
A voz que a língua se perde na fala
Num eco do tremor de toda uma lida
III
Olhos vendados buscando a direção
Caminhada incerta na estrada sinuosa
Labiríntico da tonteira na escuridão
O grito do silêncio parece alma penosa
IV
A noite adormecida de tensa escuridão
Não deixa vestígio de qualquer suspeita
Entranha um medo sem nenhuma explicação
A revolta sem volta que o corpo rejeita
V
Uma sombra do brilho incandescente
Busco no caminho um ponto de partida
Fazendo ao passo o ser lerdo e demente
Escuro noturno que atormenta minha vida