Romance da tempestade

Todo o céu se escurece

lá vem uma tempestade.

As nuvens no céu se juntam

como em posição de ataque.

O vento cerca os pedestres

com seu gélido abraço

no espaço o sol se esconde

como que evitando olhares.

As mãos e os guarda-chuvas

estão de súbito preparados.

Todos os passos apressam

à espera de um estalo...

Já se ouvem trovões ferozes,

o céu desponta em raios.

Suas vozes ecoam longe

como em cósmicos cavalos.

As crianças choram de medo,

e as mulheres de susto fácil.

O céu escurece mais ainda

e os tambores da batalha

escutam-se altos e imponentes

sobre o céu da cidade.

Que frio é esse que se sente

às cinco horas da tarde?

Do céu ainda não caiu

sequer uma gota de água...

será um chuva de dentro

que no peito nos desaba?

Ou será o medo da chuva

que nos apressa os passos?

Será a iminência de frio

Será a iminência de um raio?

Rezar para que o soco

não nos pegue despreparados?

Talvez o medo da chuva

seja a verdadeira tempestade.

O chuva fica na rua

e o medo levamos pra casa.