O SILÊNCIO.

Escute, este ruído

é o silêncio

que se aproxima,

calma, lá vem ele,

passo a passo,

pé anti pé,

nem uma folha arreda-se,

tudo é calmo, e a noite

abaixam as cortinas,

cuidado! Deixe a noite

acontecer,

a noite precisa ganhar

vidas,

o silêncio precisa de palco,

ele trabalha no campo

da nossa alma,

tudo muito mais além,

uma nuvem trafega no céu

do silêncio,

psiu, disse o menino a mãe,

não fale alto! Lá vem ele,

pé anti pé, passo a passo,

acaba de escalar os muros

frios dos acontecimentos,

gira a maçaneta,

pronto, ele agora está

encostado na parede,

quer fazer um pronunciamento,

ele grita , e seu grito

não é grito,

é reflexão,

ela então vai ao quarto,

apaga o abajur moribundo,

coloca a camisola branca,

estica-se na cama arrumada,

puxa os cobertores,

revira na sua inquietude,

as janelas fechadas, tudo escuro,

epa!

O silêncio então ataca,

cortas as algemas,

penetra a geografia da alma,

remexe as gavetas,

acorda uivos de outrora,

conscientiza o coração,

planeja outras estradas,

fabrica a expressão de anjo,

da ataque de dor,

e lá pelas altas horas,

o silêncio então parte,

pé anti pé, passo a passo,

abre a porta, escala o muro,

e se vai...

O silêncio é uma escola,

por onde a alma se esculpe,

o corpo é fugaz,

enquanto ele degrada,

a alma desabrocham rosas,

e o silêncio?

ah, o silêncio , segue...

Pé anti pé, passo a passo,

lapidando outras vidas.

Angelo Dias
Enviado por Angelo Dias em 25/06/2018
Código do texto: T6373923
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