Dolorido cárcere
Aqui, deitado, só em minha dor.
O silêncio me rodeia. Quebrado apenas pelo silvo dos aparelhos
ou rumores disfarçados.
Só, e imerso em uniformes brancos, que deslizam rápido.
Às vezes se aproximam e me sorriem.
Alegremente atendem, e saem
já voltados para outro alguém.
Continuo só.
Nem sempre doi. Mas sempre faz doer a alma.
Num repente, me desprendo do corpo,
para o alto, longe.
Olho para baixo e lá está
meu cárcere dolorido, deitado, sozinho.
Aqui, tudo luz e harmonia. Aqui, novamente um ser completo.
Flutuo sonhadoramente, em inebriante paz.
Há esperanças aqui. E olho novamente o corpo, lá está.
Querido, amado, que tanto sofre, tantas alegrias sentiu.
Foi parceiro em todas as horas!
Agora, prisão de dor.
Mas não, que assim não será!
Do alto de meu voo envio a luz.
A energia emana da fonte divina
e a ele envolve todo.
Levanta! Reaja e cura a ti mesmo!
Não és cárcere, mas invólucro de paz e amor eterno.
Súbito,
miríades de pontos iridescentes o preenchem
e uma nuvem cintilante o envolve inteiro.
Tenho os olhos rasos d'água.
É amor, absoluto amor.
Volto agora, como pluma em suave brisa
E me integro novamente a ele
não mais calabouço
mas energia renovada, completa
vibrando ao som do universo.
Podemos tudo
pulsamos juntos e daqui nos erguemos
pois que a era da dor se foi.
Ao longe, raios de um amanhecer jubiloso
e a esperança da vida em plenitude!