Sátiro Saturnino

Eu nasci sob a égide da foice

que enquanto corta, sorri

e tenho cicatrizes brilhantes

desde o dia que nasci

Me rejubilo na grama já seca

se frutos não dá, enternece

minha festa, por vezes solitária

vive por si, tal cipreste

Prefiro os méleos escuros

e para beber, oferto cicuta

me deito com seres dianhos

muito mais do que com ninfas

A voz que brota de mim

leva no ar também a dor

porém, tal como pluma

uma despetalada flor

Sem ressalvas, digo, enfim

não sigo qualquer pastor

temo muito por minhas crias

aí de mim! Cronos, senhor...

David Chuffi
Enviado por David Chuffi em 07/07/2018
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