POEMAS CAFONAS, RIMAS CRETINAS
O amor é uma prostituta da fala,
ocorrendo mais que o próprio fôlego.
Escrito à esmo em estrofes bregas
é o enfeite cafona da poesia inculta.
Discurso esquecível de talento discutível,
é a muleta torta da ignorância da massa.
Uns salvando-se na imbecilidade coletiva,
outros na adulação de quem tem pena, mas não fala.
Não se precisa de muita métrica,
onde a liberdade trancou a sofisticação.
Nem do conhecimento acumulado das eras
pra rimar o lixo dos poemas com o coração.
Nem pena sinto da massa estúpida,
pois amam-se apenas os poemas que se merecem.
Nas páginas deselegantes onde se despeja a lágrima,
nem perdão divino nasce e cresce.
Interrompeu-se a inteligência em nome do agrado,
e morre-se aos poucos essa língua rara.
Mato-me aos poucos pra não ouvir os guinchos
de uma poesia, combalida, prostituída e rasa.