POEMAS CAFONAS, RIMAS CRETINAS

O amor é uma prostituta da fala,

ocorrendo mais que o próprio fôlego.

Escrito à esmo em estrofes bregas

é o enfeite cafona da poesia inculta.

Discurso esquecível de talento discutível,

é a muleta torta da ignorância da massa.

Uns salvando-se na imbecilidade coletiva,

outros na adulação de quem tem pena, mas não fala.

Não se precisa de muita métrica,

onde a liberdade trancou a sofisticação.

Nem do conhecimento acumulado das eras

pra rimar o lixo dos poemas com o coração.

Nem pena sinto da massa estúpida,

pois amam-se apenas os poemas que se merecem.

Nas páginas deselegantes onde se despeja a lágrima,

nem perdão divino nasce e cresce.

Interrompeu-se a inteligência em nome do agrado,

e morre-se aos poucos essa língua rara.

Mato-me aos poucos pra não ouvir os guinchos

de uma poesia, combalida, prostituída e rasa.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 08/07/2018
Código do texto: T6385021
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.