PROFUNDA RANHURA
Poema de:
Flávio Cavalcante
 
I
A ficha parece não cair nos dissabores
O tempo passa imperceptivelmente
Mesmo com as dores cruéis e rumores
Chagas abertas cicatrizam suavemente


II
O que brota da dor é uma linda saudade
Em outrora fez da cerne uma ferida
Putrefata como toda cruel maldade
Apostema em chaga aberta e fedida


III
Muitas perdas são irremediavelmente
Viver o agora pensando no amanhã
Amenizam as dores terrivelmente
Faz moradia lado a lado como irmã


IV
Tirar proveito mesmo dos dissabores
É um ato de aceitação e de nobreza
Leva o espírito para a fonte dos amores
Levando na bagagem toda uma riqueza


V
Tristeza passa a ser coisa de outrora
Depois dessa colheita de tanta fartura
Percebe que valeu toda a demora
Pois lacrou de vez a profunda ranhura
 
 
Flavio Cavalcante
Enviado por Flavio Cavalcante em 16/07/2018
Reeditado em 19/01/2021
Código do texto: T6391696
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