O sabor que desejo

O sabor que tanto almejo

Este doce que mais espero

É aquele que não me pertence

E nem a outrem

A ninguém que não a ela mesma,

A dona dos leves lábios rosáceos

Tão leves e tão distantes

Ainda que tão próximos a mim;

Se fantasio sentir seu aroma,

Ou alucino sobre a maciez,

A simples sua imagem

É o ópio que embriaga

Minha ríspida solidez,

Ficando aqui trêmulo

Sob sua cativante presença

Como um monumento

Onde sempre perdura

O desejo como uma crença

Que tem por divina

A maravilha incógnita de teu sabor