DIÁRIO
recife, 20 de julho de 2018
querido diário,
escrevo um desejo:
o de voltar, quando um dia eu me for!
porque todos vamos, sem qualquer relutância.
sei que muitos voltam, outros não desejam voltar mas eu quero voltar
pra viver "denovo" os mesmos dias e pisar o mesmo chão de terra que me acariciam os pés e sob o mesmo teto que me acolhe e para as mesmas paredes que tento enfeitar com memórias
preciso voltar para dar continuidade aos sonhos que ainda carrego
e abraçar aqueles que ainda não abracei
preciso voltar para
beijar a face enrugada da árvore que um dia foi semente.
a que joguei ao solo e a vi nascer
é preciso que eu volte
com a mesma memória
como os mesmos olhos
e com as mesmas mãos que escrevo
e com o mesmo coração que anseia
e com a mesma voz que sussurro
hoje é julho. um mês sem muito encanto
onde muitas sementes precisam se recompor
onde a natureza tenta colocar folhas aos galhos
e transformar as flores em frutos
e eu quero continuar semente sempre, como creio ser
sempre brotando da terra onde haja fertilidade.
sendo raiz
sendo sendo galho
compondo árvore de abrigo
sendo vento e sendo brisa
sendo janela
de onde contemplo os pássaros
e de onde vejo o céu e o mar e os rios
Margarida Di