CANTAR...

Cantar...
Ultrapassar as fronteiras da ignorância
Visitar o silêncio que nos habita
Ter deleite em mostrar sua face mais bonita
Não temer os olhos da noite escura
Tão pouco vacilar, diante do olhar, paralisante da maldade abstraída
Oferece toda franqueza de largos sorrisos
E que se encontre tranqüilidade, nos traços alvos destes
Reconstruir sonhos perdidos
Em almas perdidas de si mesmas

Assim cantar...
Louvar a existência com toda sua unicidade e maravilha
Usar de desconhecida ciência
De modo que notas soem como sementes decaídas
Brotando flores nos ouvidos ocultos
Enfeitando de quartzo os olhos do desengano

Declamar...
Incidir sobre a essência sagrada
E contagiar de inspiração e graça toda a periferia
Incomodar pelo único fato de estar vivo
Adotando a vida com fluido inexaurível
E reconhecer-se como próprio fluido

Poder cantar...
Estabelecer assas no inconsciente
Disseminar harmonia em melodia complacente
De modo que o cerne vivente reconheça a voz latente
E canções sejam orações
Livres de imposições, livres da ignorância

Cantar...
Cantar é estar nu
Nu da falsa ideologia, despido de superficialidades
Nu de mim mesma, e estando em mim mesma
Novamente me encontrar com a vida
Doar da vida, receber da vida
Oferecer estrelas e aceitar o Sol.